2 de jan. de 2010

À sua Segurança

Você está escalando. Sua corda e seu baudrier são seguros, a ancoragem é à prova de bomba e você se sente seguro. A idéia de uma queda não te preocupa. Porém, toda queda cria uma enorme quantidade de energia. Nós somos criaturas relativamente grandes e a gravidade é uma forçaconsiderável e qualquer pessoa que já tenha segurado uma queda pode confirmar. A força de impacto de uma queda é transmitida através de todo seu sistema de segurança, chegando a atingir o dobro no ponto de ancoragem. Assim, todos os elementos envolvidos no sistema devem sustentar o impacto sem falhar. Muitos escaladores não entendem realmente o conceito de fator de queda, apesar de ser bastante simples.

O fator de queda é a distância da queda dividida pelo comprimento da corda desde o ponto fixo até o escalador que cai. O equipamento está projetado para suportar o fator de queda 2, que é o máximo atingido numa típica queda, onde a distância da uma queda é o dobro do comprimento de corda utilizado. Normalmente um fator de queda 2 pode ocorrer apenas quando o líder da cordada não se utiliza de pontos de proteção e, ao cair, passa do ponto onde está recebendo segurança. A partir do momento que uma proteção é feita, a distância da queda, em função do comprimento da corda, é reduzida e o fator de queda cai abaixo de 2.

O fator de queda é apenas um dos elementos que governam a força de impacto, que ainda é composto pela natureza da corda e o peso do objeto que cai. Então, um dos fatores que pode contribuir na redução da força de impacto é a elasticidade das cordas dinâmicas.

Os sistemas de segurança para escaladas são desenhados ao redor da qualidade de absorção de impacto das cordas dinâmicas, que amortece a queda e reduz a força de impacto e a chance de falha do sistema. A corda dinâmica é desenhada para limitar a força do peso de um escalador (80kg) no pior caso de queda (fator de queda 2) para não mais que 12kN (1200kg). Quanto mais corda utilizada, mais elasticidade para absorver a queda. Por isso uma queda de 4 metros em fator 2 desenvolve aproximadamente a mesma força de impacto que em uma queda de 20 metros, ou seja aproximadamente 9kN (900kg), desde que a corda dinâmica obedeça os padrões da U.I.A.A.. Assim, o aumento da queda e da força de impacto desenvolvida com ela é compensado pelo comprimento de corda disponível que a amortecerá.

As cordas estáticas, tradicionalmente mais usadas em espeleologia e resgates e agora também em rapéis esportivos e mesmo em academias de escalada, são desenhadas minimizar a elasticidade, por isso sua capacidade de absorver impacto é mínima, mas pode ser sentida com mais comprimento de corda. As cordas estáticas não são bem definidas pelos códigos da indústria, como as cordas dinâmicas são, variando em elasticidade de acordo com o fabricante e o país de origem. Quanto menos elasticidade a corda apresentar, maior a força de impacto no conjunto de segurança e também a pessoa presa em sua extremidade. Em uma escalada, uma queda extremamente pequena pode desenvolver força suficiente para ser crítica.

Uma pequena queda de 1,2 metros num cordelete ou numa corda estática, desenvolve 18kN, mais do que suficiente para quebrar o baudrier ou o escalador. Usados para segurança, sem uma corda dinâmica, cordeletes são tão perigosos como cordas estáticas. Uma queda em fator 2 desenvolve força de impacto suficiente para haver risco de falha do cordelete, baudrier e mosquetões, sem mencionar os grandes danos ao esqueleto do escalador. O corpo humano suporta até 12 KN por um curto espaço de tempo sem sérios riscos traumáticos. Aqui vão alguns dos limites de segurança estabelecidos pela U.I.A.A.:

· Ancoragem (pontos de proteção) - 25kN (2500kg)

· Mosquetões - 20kN (2000kg)

· Fitas - 22kN (2200kg)

· Baudrier - 15kN (1500kg)

Numa queda, muita coisa trabalha contra o escalador, e a física é uma delas. No ponto onde a corda retorna, normalmente em um mosquetão, a força da queda é aumentada em aproximadamente 66%, e poderia ser dobrada se não fosse o atrito da corda com o metal. Digamos que máxima força de impacto de 9kN em uma corda dinâmica, a força no mosquetão chega em torno de 15kN. É que a ancoragem seja mesmo a prova de bombas. Caso a matemática fosse aplicada em uma corda estática, o fator de queda 1,9 com sua força de impacto normal de 18kN, torna-se uma força de impacto de 30kN (multiplica-se 18kN por 1,66). Neste caso algum ponto do sistema de segurança falharia.

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