25 de abr. de 2009

Gelo

Muita gente não dá valor, mas o uso de gelo para controlar e prevenir processos inflamatórios é realmente eficaz. Talvez por ser tão simples e de tão fácil acesso, as pessoas muitas vezes não acreditam no poder terapêutico do gelo.
A crioterapia, ou terapia com gelo, quando aplicada no corpo humano, desencadeia inúmeras respostas fisiológicas, que variam de acordo com a situação na qual está sendo usada. No esporte, os principais efeitos que buscamos são tanto sua ação antiinflamatória como sua ação analgésica, principalmente nas lesões agudas.
Com a aplicação do gelo, os processos celulares se tornam mais lentos, tornando mais lento o ritmo das reações químicas nas células. Essa redução no metabolismo celular está relacionado com o efeito antiinflamatório do gelo.
O frio produz também um alívio efetivo da dor, sendo este um recurso utilizado no tratamento de lesões agudas. Apesar de não ser conhecido o mecanismo preciso pelo qual a aplicação do frio reduz a intensidade da dor, acredita-se que este efeito ocorra pela redução e alteração dos estímulos de dor ao Sistema Nervoso Central.
Quanto mais rápido for aplicado o gelo após uma lesão, maior os benefícios deste para o atleta. Um outro fator importante é utilizar o gelo como um aliado na prevenção de lesões. Por exemplo, após um treino longo, o atleta deve aplicar o gelo nas regiões mais propícias à lesão, ou naquela região que ele teve uma lesão prévia, e acabou se recuperar de tal lesão.
O período de aplicação deve ser de 15 a 20 minutos, e esta aliada à compressão tem um efeito potencializado, de acordo com estudos. Uma ótima opção para atletas é a utilização das bolsas de gelo que vêm com um velcro, e que permitem que esta seja moldada na região a ser aplicada quando feita a compressão, além de possibilitar que o atleta caminhe enquanto coloca o gelo, não podendo usar a “desculpa” de que “não tem tempo para colocar”. Vale lembrar que isso não deve ser feito sempre, pois a elevação da região também auxilia na redução do edema.
Uma outra opção que substitui bem essa bolsa é colocar cubos de gelo em uma sacolinha de plástico, e com uma atadura elástica ou simples, firmar o gelo fazendo compressão. Mas como a sacola de plástico não é própria para a crioterapia como a bolsa de gelo do exemplo acima, deve-se utilizar alguma coisa entre a pele e o plástico, como uma toalha úmida ou um pedaço de pano. Cuidado! O gelo também queima!!!
Quando se deseja o esfriamento de toda a superfície de uma extremidade, como a mão, o antebraço, o pé ou a perna, o uso de um balde com gelo e água poderá ser extremamente eficaz. A temperatura deve variar de 13 a 18º.
Uma outra forma de utilização do gelo, a qual os maiores adeptos são atletas de alta performance, é o banho de gelo, que consiste em encher uma banheira de água e gelo, e permanecer por 10 a 15 minutos com os membros inferiores imersos.
Embora não existam muitos estudos que comprovem com exatidão a eficácia do gelo (até pelo fato do número reduzido de estudos na área), este é amplamente utilizado na medicina esportiva. Então, usufrua deste “santo remédio”, que além de não fazer mal para seu estômago, também não faz mal para o seu bolso!!!

Silvia Guedes - Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Esportiva e em Osteopatia. Além da terapia manual, utiliza o Pilates para prevenção, tratamento e melhora da performance de atletas. É fisioterapeuta da OCE, corredora e praticante de MTB. (pedal.com)

24 de abr. de 2009

Escritos na Pedra da Gávea

A 842 metros acima do nível do mar, a Pedra da Gávea é um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro, atraindo montanhistas, escaladores, aventureiros e amantes da natureza em geral. Mas além de santuário ecológico, o morro também é palco de vários mistérios e lendas, que atraem atletas e dividem estudiosos.
O motivo da polêmica são as marcas cravadas no lado esquerdo da rocha: teriam elas sido provocadas pelo desgaste da natureza ou pela vontade deliberada de um povo antigo de homenagear seu imperador? Para os defensores da última hipótese, essas marcas são, na verdade, inscrições gravadas por fenícios, povo que ocupou, durante a Antiguidade, a região que hoje corresponde ao Líbano, e que tinha no comércio marítimo sua principal atividade econômica.
As especulações em torno das misteriosas marcas na Pedra da Gávea começaram a ganhar força no século 19. Intrigado com relatos recebidos por um instituto de pesquisa, D. Pedro I promoveu expedições de historiadores e religiosos ao morro, em busca das inscrições. A equipe, no entanto, fez vários estudos, comparou os sinais cravados na rocha às escritas grega e hebraica arcaicas, mas não conseguiu comprovar nada.
Foi apenas na década de 30 do século passado que elas voltaram à tona. O historiador e arqueólogo amazonense Bernardo Silva Ramos desenterrou o caso e foi conferir as marcas. De acordo com ele, elas formavam a seguinte frase: LAABHTEJ BAR RIZDAB NAISINEOF RUZT. Lida de trás para frente: TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL. E, finalmente, traduzida do fenício, seria “Tyro Phoenicia, Badezir primogênito de Jethbaal”. Badezir foi o filho do imperador fenício Jethbaal e, em 856 a.C., assumiu o trono real na cidade de Tyro.
Além disso, com boa vontade, é possível reparar na forma de rosto humano que a pedra tem (dois olhos, nariz, orelhas e, no topo, uma espécie de coroa). A teoria que passou a ganhar força é: teria esse formato sido esculpido pelos fenícios como um monumento para guardar o túmulo de seu imperador?
Para a arqueóloga Rhoneds Perez, da UFRJ, o mistério fenício não passa de mito. “É uma lenda que traz um gosto de aventura. Aquelas marcas consideradas inscrições são, na verdade, resultado da erosão da natureza”, garante. Alguns místicos e pesquisadores, no entanto, juram que o formato e as marcas seriam produtos do trabalho de uma civilização antiga, que teria chegado ao Brasil muito antes dos portugueses. Entre os que sustentaram a tese da presença fenícia no Brasil estão Henrique José de Souza (fundador do movimento místico Sociedade Eubiótica) e o historiador austríaco Ludwig Schwennhagen, autor de Antiga História do Brasil, tratado publicado em 1928 que defende essa idéia.
O montanhista Átila Barros, que escalou oito vezes a Pedra da Gávea e, fascinado pelo mistério que a envolve, escreveu um livro sobre a ligação fenícia (Badezir, um Ilustre Visitante), tem outra versão. “Pesquisei durante dois anos documentos sobre essa história, entrevistei pesquisadores e montanhistas e acho que a pedra realmente tem uma conexão com a civilização fenícia. Não acho que ela guarde um túmulo, mas sim que tenha sido o palco de um ritual de cremação do imperador Badezir. Estudei os funerais fenícios e percebi que eles não enterravam seus mortos, mas os cremavam”, defende o atleta.
Para quem prefere acreditar nessa hipótese, uma dica é observar a série de pedras encaixadas no lado oposto ao das supostas inscrições, que tem um formato de portal ou altar. Verdade ou mentira, a Pedra da Gávea é até hoje um local místico, onde muitos esportistas dizem já ter visto discos voadores ou tido experiências sobrenaturais.