30 de abr. de 2009

Outdoor life

Yosemite é, além de um dos pólos de escalada mais completos do mundo, o ponto máximo da escalada clássica, e El Capitan, uma gigantesca parede de granito. ergue-se quase 1.200 metros acima do vale, uma montanha cinzenta e maciça como um navio de guerra, de onde se enxergam minúsculos escaladores pendurados em sua encosta, que de longe, parecem imóveis, como se todo seu esforço sumisse ao ser admirado à distância.

No ponto mais duro de uma das rotas mais cascas-grossas do mítico El Cap, a 825 metros de altura, Steph Davis está se puxando rocha acima, com os pés meio congelados, quando seu pé direito escorrega e ela cai dez metros. Sua corda estala ao se estender, evitando uma fatalidade e deixando-a balançando no vazio. Ela grita para Cybele Blood, recrutada para fazer sua segurança, para dizer que não está ferida. Só irritada. "Ótimo", ela resmunga para si, sabendo que só há uma coisa a fazer: continuar subindo.

Steph está no oitavo dia de sua tentativa de se tornar a primeira mulher a fazer a escalada livre do paredão Salathé, uma rota na face sudoeste do El Cap - e, segundo seus cálculos, ela já devia ter terminado. Mas, desde o começo, nada tinha saído de acordo com o planejado.

Pra começar, o tempo. Alternando entre quente de matar e gelado com vento, era o tipo de condição climática que pode ficar feia bem depressa - como aconteceu quase um ano antes, quando uma tempestade de neve assolou o El Cap, prendendo dois escaladores japoneses que morreram congelados antes que o resgate os alcançasse. Steph não está equipada para um tempo assim. Ela está usando tênis leves e shorts de escalada, uma primeira camada de roupa longa e uma jaqueta fina. Seu único equipamento é um saco de dormir leve, uma cafeteira portátil e pouca comida.

O maior problema de Steph, no entanto, é a possibilidade de talvez não ser capaz de encarar o último e punk trecho do Salathé, conhecido como paredão Enduro. É um mau sinal, já que a principal vantagem dessa super escaladora não é tanto o talento atlético ou a técnica impecável, mas a força de vontade e o estilo de trabalho metódico e cerebral. Essa mulher de 33 anos treinou sozinha o verão todo para essa empreitada. Mas liderar uma ascensão de nível 5.13 - que é mais ou menos como subir feito uma aranha pela lateral de um arranha-céu, com agarras para se segurar do tamanho de uma lentilha - é outra história, e Steph tem caído. Bastante.

Diferentemente de uma escalada tradicional, em que não há problema em se apoiar em cordas enquanto se sobe um paredão, na escalada livre é preciso usar somente as mãos e os pés para galgar as rachaduras e falhas naturais da rocha. O equipamento de proteção só está lá para segurar o atleta em caso de queda, assim como a pessoa responsável por sua segurança. Cair é, no mínimo, inconveniente. Toda vez que se cai de um paredão, é preciso voltar ao início do estágio e começar tudo de novo.

Steph tem estado empacada nessa parte o dia todo. A luz do dia está acabando e ela está fadada a passar a noite em uma saliência de granito não muito mais larga que uma prancha de surf. Detalhe: com um precipício de 825 metros logo a seu lado. Um pensamento passa por sua cabeça: Por que não desistir de uma vez dessa roubada e descer?

STEPH DAVIS DEU DURO A VIDA TODA EM BUSCA DE SEU SONHO: VENCER ALGUNS DOS PAREDÕES MAIS DIFÍCEIS DO PLANETA. PARA ISSO, ABANDONOU A FACULDADE, ENFRENTOU A FAMÍLIA, TREINOU FEITO DOIDA, LUTOU CONTRA OS PRÓPRIOS MEDOS. A RECOMPENSA? VER O MUNDO DE CIMA DAS MONTANHAS MAIS FASCINANTES DA TERRA

29 de abr. de 2009

Green River Race - A copa das corredeiras



Toda modalidade tem seu evento chave, culminante, como o Ironman do Hawaii para os triatletas, o Tour de France para os ciclistas, Spartathlo para os ultramaratonistas, a Green River, descida de caiaques feita no rio de mesmo nome, localizado na Carolina do Norte, nos EUA, é a meca dos amantes do caiaquismo, ponto de encontro dos atletas mais destemidos de todas as partes do planeta, neste evento que é mais que uma corrida, mas a cerimônia anual em celebração ao esporte. Participar dessa prova e ganhar a camisa de número um não é tarefa fácil, já que a maior parte do evento acontece em corredeiras de classe V - a classificação das descidas vai de I a VI, sendo que a última é considerada praticamente intransponível.



O Brasil esteve presente no Green River em 2008 com a performance de Pedro Oliva Criscuolo, que participou na categoria short boat. Pedrinho, como é conhecido, mora atualmente na Califórnia e ficou com a 54ª posição no ranking final. Foi sua estréia na competição. "Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a impressionante quantidade de pessoas que caminharam mais de uma hora para poderem assistir de perto aos canoístas desafiando as perigosas águas do rio", diz Pedro. "É realmente uma cena sensacional de ver, ainda mais quando se tem por perto uma natureza tão exuberante."
A largada acontece de 20 em 20 segundos, e Pedro foi um dos primeiros a largar em sua categoria. O atleta ainda perdeu preciosos segundos ao parar para ajudar um outro competidor que estava preso nas pedras - para garantir a segurança dos caiaquistas, faz parte do regulamento que todo atleta deve ajudar quem estiver com problemas a sua frente, mesmo que isso lhe custe várias posições. "É uma regra que preza a ética do esporte, de cada um ter muito respeito pela vida do outro canoísta", afirma. "Vi um atleta em apuros, parei, resgatei seus equipamentos o mais rápido que pude e segui em frente com gás total... Mas nisso já havia perdido muito tempo. Sem problemas. Ano que vem tem mais."
Um dos momentos mais memoráveis da prova foi quando todos os participantes formaram um gigantesco círculo com os caiaques em pé, com o bico para cima. Os caiaques menores ficam no interior do círculo, deitados no chão. A roda é organizada de acordo com uma ordem de chamada, que segue a classificação do ano anterior.
Depois que o círculo está formado, o mestre-de-cerimônias reforça as últimas instruções e relembra as normas de segurança e a importância da ajuda mútua entre os canoístas. Todos ali sabem que se trata de um rio perigosíssimo e que a vida dos atletas vale mais que um prêmio. Por momentos assim é que o Green River é uma competição inesquecível e fascinante.

Ainda falando em Pedro, observe a foto abaixo:
Existem muitos doidos por ai, eu já tinha visto algumas descidas alucinantes de cachoeiras antes.
Pedro Oliva quebrou o recorde mundial de descida em cachoeira no começo de Março, ao descer uma queda de 39 Metros!! A façanha aconteceu na cachoeira de Salto Belo, no Rio Sacre, localizada no estado do Mato Grosso.
Segundo a Revista Pulse, Pedro levou 2,9 segundos caindo do topo da cachoeira até a base, e sua velocidade chego a 113km/h!



Parabéns Pedro pelo recorde! E também pela coragem!

28 de abr. de 2009

Como escolher sua Mountain Bike

1 -Quadro
Uma vez que você saiba que tipo de pedal fará (all mountain, downhill, freeride, cross-country), tente achar um bom equilíbrio entre peso e força. Quadros mais pesados são geralmente mais resistentes, enquanto os mais leves exigem menos força e mais cuidados. Quanto aos materiais, alumínio, carbono e titânio fazem o trabalho — a escolha depende de quanto você quer investir. Se você estiver em dúvida entre dois quadros, fique com o menor. Uma mesa e um canote de selim maiores farão o ajuste necessário. A geometria do quadro é um fator importante, já que determina como a bike se comportará com você. Teste várias antes de tomar sua decisão.
2-Freios
Há três tipos de freios (v-brakes, hidráulicos e a disco). Os v-brakes são eficientes, baratos e leves, mas tendem a perder performance quando o tempo fecha e a lama aumenta. Freios a disco são similares, mas se dão melhor em climas molhados. Discos hidráulicos têm design similar aos das motos e ótima performance, mas a manutenção é cara e constante.
3-Suspensão traseira
Bikes com suspensão dianteira e traseira (full) tornam o rolê mais macio e agradável do que numa hardtail. Suspensão traseira usa molas em seu princípio mecânico, pois precisa ser mais rígida e resistente. Alegria nos downhills e trilhas esburacadas e alívio para ciclista que sente dor nas costas e ombros. Mas você paga o preço em grana, peso, complexidade e manutenção. Várias suspensões traseiras possibilitam controle de rigidez, você pode ajustá-la travada, semitravada ou solta.
4-Câmbio
Pode ter 18, 21, 24 ou 27 marchas. Quanto mais investir aqui, melhor, pois problemas com troca de marcha são frustrantes. Procure um câmbio que tenha uma troca precisa e agüente pauleira. Por ser de partes móveis, não lacradas, em exposição ao barro e à água, exige manutenção constante.
5-Transmissão
É formada pela corrente, catracas, cassete, movimento central e pedivela, e responsável por transferir a força de suas pernas para as rodas. Requer limpeza e ajustes regulares.
6-Pneu
Escolher o pneu certo pode ser a diferença entre curvas feitas com segurança e joelhos esfolados. Pneus mais largos, com cravos maiores, te deixam mais colado no chão, mas mais lento. Tente achar um meiotermo entre velocidade e tração baseando-se no tipo de trilha em que costuma pedalar e no seu estilo (mais ou menos agressivo).
7-Pedal
Os iniciantes podem começar com pedais de plataforma, mas para uma maior eficiência de pedalada é preciso um pedal de clipe, que prende sua sapatilha e permite que você use todos os músculos da perna para girar a pedivela. Isso ajuda muito em subidas inclementes e em tiros.
8-Suspensão dianteira

Ela está lá em todos os bons modelos de MTB. Usa elastômero (borracha que se comprime e volta à forma original), molas ou ar comprimido. Algumas podem ser travadas (ficando rígidas) para facilitar o pedal em subidas ou asfalto. A trava fica na própria suspensão ou no guidão (trava remota, prática e segura). As suspensões têm cursos que variam de 80 a 120 mm (cetegoria cross-country). O maior não é necessariamente o melhor. Considere onde e como você pedala e compre a suspensão certa para esta condição.

A difícil escolha: Dentro de uma mesma faixa de preço, as bikes em geral oferecem componentes similares, por isso não pire comparando cada um deles. Leve mais em consideração como se sente em cima da bike — algo altamente subjetivo, que depende do ajuste ergonômico, da flexibilidade e do material do quadro. Geralmente, quanto mais caro o quadro, mais ele foi manipulado pelo fabricante para obter máxima leveza e resistência. Com tantas geometrias diferentes, a única maneira de avaliar uma mountain bike é pedalar nela antes de comprar.

Ajuste fino: Uma bicicleta perfeitamente ajustada pode melhorar em 20% ou mais a sua performance, evitando lesões e desperdício de energia. Para saber as medidas exatas para sua bike, procure um especialista em bikefit.

Como escolher sua bike de estrada

1-Tubo superior

A inclinação do tubo superior varia de bike para bike. Quanto mais inclinado, mais confortável (mas menos aerodinâmico) é o quadro. Numa bike com um ângulo 73, por exemplo, o atleta vai bem relaxado, com o corpo mais ereto; já numa com 77 graus, ele pedala com o tronco extremamente na horizontal mas com conforto comprometido.

2-Quadro
Os quadros podem ser de alumínio, carbono ou titânio. A vantagem do alumínio é o preço, a rigidez e o peso. Porém, ele não absorve bem eventuais impactos. Não faz feio nos treinos, mas deixa a desejar nas competições. O titânio é leve e durável, mas bastante caro. Já o carbono tem uma ótima relação força/peso e é bonitão. Desvantagem: pode ser instável em velocidades altas e é caro.

3-Clipe
Apoio para os braços que deixam o ciclista em posição aerodinâmica, comum entre triatleta e ciclista de contra-relógio.

4-Roda
Há rodas de ferro, alumínio e carbono. As duas primeiras são mais pesadas: embalam bem, mas apresentam dificuldade na retomada. Com as rodas leves, a retomada depois das curvas é mais rápida. Muitos modelos de bike vêm com um par de rodas menos técnicas, para baratear o custo final da bike. Se esse for o caso do modelo escolhido por você, o ideal é comprar outro par de rodas caso pretenda competir. Rodas “fechadas”, mais usadas em provas de triathlon, contra-relógio e indoor, são mais aerodinâmicas, mas são também mais difíceis de controlar e exigem bastante técnica do ciclista.

Carbono: O tão desejado carbono, usado em tantos artigos esportivos, é como um tecido. Dependendo da trama e do fio que o compõem, pode ser mais resistente ou mais leve — taí um dos motivos da diferença de preço entre as bikes de carbono. Veja em seu caso as vantagens e desvantagens de ter um equipamento de carbono.

Aerodinâmica: Muitos detalhes das bikes de estrada são desenvolvidos pensando na aerodinâmica. Mas o quanto isso é importante para você, e o objetivo que pretende atingir?

Avalie se você vai pedalar em pelotão ou sozinho, botando a cara contra o vento. Se for sozinho, precisará de toda a ajuda aerodinâmica que sua bike puder lhe oferecer. Considere também a velocidade média em que costuma pedalar. Se for abaixo dos 40 km/h, pequenas diferenças de angulação não serão determinantes na performance.

Rigidez: As bicicletas de estrada têm de ser rígidas para perder menos energia nas torções que sofrem quando são pedaladas — é só imaginar um velocista do Tour de France pedalando em pé num sprint final para entender do que estamos falando. Porém, um grau mínimo de flexibilidade dá um certo conforto, amortecendo as imperfeições do chão.

Ao contrário das mountain bikes, bicicletas de estrada podem durar para sempre. O que significa que você provavelmente vai ter vontade de comprar uma bike melhor antes de realmente precisar trocá-la — então compre logo a melhor bike que pode bancar. Considere seu orçamento e suas necessidades de performance em termos de componentes. As bikes costumam ser oferecidas com diferentes níveis de componentes, que provocam mudanças drásticas nos preços. Lembre-se: dar um upgrade na magrela peça a peça vai custar mais do que comprar um conjunto melhor logo de cara. Teste o desempenho da magrela que pretende comprar.

Emprego dos sonhos

Aos 26 anos, e um forte curriculum esportivo, Dani Monteiro, apresentadora do programa Caminhos da Aventura, que é exibido da Rede Globo e no canal por assinatura SporTV, tem um trabalho dos sonhos de muita gente.

O programa mostra viagens e esportes radicais gravados em diversos cantos do mundo, que exploram as habilidades da apresentadora. Dani já praticou kitesurf no Taiti, mergulhou com tubarões na África do Sul, desceu de rapel de cima de um helicóptero nas montanhas do Chile, e por aí vai. Viaja pelo menos dez dias por mês.

"A profissão me possibilita conhecer diversos lugares, pessoas e esportes completamente diferentes. Como sou uma esportista aficionada, acho que é ideal para mim", diz Dani, que agora se dedica de corpo e alma ao pára-quedismo. Momento da virada: Dani era windsurfista com inumeros títulos, até quatro anos atrás. Um dia, depois de dar uma entrevista para um canal de televisão, foi chamada para um teste. A partir daí, deixou o windsurf para trabalhar como apresentadora. Como ela mesma diz, agora, consegue praticar todos os esportes e não apenas um. Tempo de dedicação: quando está em viagem, gravando, o trabalho é sem parar.

O lado ruim é não ter finais de semana, feriado e nem hora do cafezinho. Dependendo da viagem, o dia começa às 5 da manhã e termina à meia-noite. A vida de quem viaja por profissão não é mansa como parece e, é preciso enfrentar horas e horas em aeroportos, carregar bagagens, equipamentos pesados aqui e ali, além de nem sempre conseguir dormir bem e estar bem disposto a toda hora. "Às vezes, não dormimos a noite toda no avião porque há crianças chorando e precisamos gravar logo na seqüência do desembarque." Um repórter, em início de carreira, ganha por volta de 1.000 reais. Já os salários dos apresentadores de televisão variam de acordo com o tempo de casa, da emissora e dos patrocinadores do programa.

27 de abr. de 2009

Lodi

Aqui nasce o "Velho Chico"

Imagine em conjunto tudo o que a natureza tem de mais encantador: o céu de um azul puríssimo, montanhas coroadas de rochas, cachoeiras majestosas, águas de uma limpidez sem par, o verde cintilante das folhagens e, finalmente, as matas virgens, que exibem todos os tipos de vegetação tropical. Dali, pode-se descortinar a mais vasta extensão de terras que os meus olhos já viram desde que nasci. Num lado, a serra limita o horizonte, mas em todo o resto unicamente a fraqueza dos meus olhos restringia o meu campo de visão. Foram as palavras utilizadas pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que no começo do século 19 visitou a serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais. Ainda hoje, dois séculos depois, a descrição histórica continua sendo um retrato fiel da paisagem bem preservada dessa região de mais de 200 mil hectares (do tamanho de Luxemburgo) que abrange as cidades de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Sacramento, Delfinópolis, São João Batista do Glória e Capitólio, e que é perfeita para se aventurar.

O Parque Criado em 1972, para proteger a nascente do Rio São Francisco e a fauna e flora do Cerrado, ameaçados de extinção. Sacramento é a terceira portaria do parque que está localizado a 70 km de sua área urbana. No percurso até o Parque foi elaborado o ROTEIRO CAMINHOS DA CANASTRA, com Cachoeiras, Povoados, Fazendas Históricas, todos Sinalizados facilitando o acesso e tornando o passeio mais prazeroso.

Pouco explorada e misteriosa, a região da serra da Canastra guarda uma das mais deslumbrantes e desconhecidas paisagens do Brasil. Durante muito tempo, aquelas plagas mantiveram-se isoladas por precárias estradas de terra e só há poucos anos entraram nos roteiros de viagem como lugar privilegiado para a prática de esportes - em maio a região foi palco da 2ª etapa do Circuito Brasil Wild de corrida de aventura -, vivência ambiental e turismo ecológico. Fica na região do cerrado mineiro, mas apresenta uma vegetação bem variada que inclui campos rupestres e florestas. São mais de 6.000 espécies vegetais, 800 espécies de aves e quase 200 de mamíferos.

Espécie de berçário de rios situado bem no divisor de duas bacias hidrográficas, a do rio Paraná e a do rio São Francisco, a serra da Canastra é um parque de diversões para quem adora atividades outdoor. É perfeita para trekking e mountain bike e tem bons trechos de corredeiras para rafting e canoagem, mas esses esportes ainda são pouco explorados por lá. As cavalgadas combinam perfeitamente com o clima da região. O rapel e a escalada são proibidos na área do parque nacional, o lugar mais visitado da serra, mas as propriedades do entorno estão repletas de cachoeiras com até 300 metros de altura e algumas vias abertas.

Uma estrada corta todo o parque e vias secundárias dão acesso de carro a algumas das principais atrações, como o cânion do rio São Francisco e a parte alta da cachoeira Casca D'Anta, com impressionantes 186 metros de altura, a primeira queda do "Velho Chico". O nome vem da árvore Casca D'Anta, que tem propriedades medicinais cicatrizantes. Segundo os pesquisadores, a anta se esfrega no tronco da árvore para curar ferimentos superficiais, daí a inspiração.

É interessante fazer a travessia do parque na direção Sacramento-São Roque de Minas, pois a viagem terminará no fim da tarde, exatamente na hora em que é possível observar os animais silvestres. Os pássaros são fáceis de avistar. Os veados- campeiros também. Eles ficam sempre perto da entrada para a cachoeira do Rolinho, nos campos ao lado da estrada. Os tamanduás e os lobos-guará são mais difíceis - é preciso uma certa dose de paciência para diferenciá-los no meio da vegetação do cerrado, mas é provável que sejam encontrados ao longo da estrada que leva até a Casca D'Anta (parte alta). Mas, se você não quiser muito esforço, o mais certo é ficar esperando na portaria de São Roque, por volta das 19 horas, quando alguns lobos-guará vêm atrás de comida.

O horário de visitação do parque é das 8 h às 18 h e paga-se uma taxa de 3 reais para entrar. Existem quatro portarias, a principal é a de São Roque que chega à parte alta do parque, onde fica a nascente do São Francisco, a cachoeira do Rolinho (300 metros) e as primeiras quedas d'água da Casca D'anta, cartão-postal da Canastra. A entrada para a parte baixa fica na cidade de Vargem Bonita. Existe uma trilha que liga a parte alta à parte baixa da cachoeira. A entrada via São João Batista é pouco freqüentada, mas vale a pena visitar a cidade, pois ela esconde cachoeiras encantadoras. A entrada por Sacramento é mais utilizada por aqueles que vêm de Delfinópolis e pretendem fazer a travessia do parque de carro. São 95 quilômetros de estrada de terra que atravessam o parque de Sacramento até São Roque de Minas. Fique esperto, pois não existe restaurante ou lanchonete dentro da área do parque.

De abril a outubro é a melhor época para ir à serra. O céu é sempre azul e há pouca possibilidade de chuva. No verão chove praticamente todas as tardes. É aconselhável se informar quanto à condição das estradas e contratar um guia local. A gastronomia mineira é um capítulo à parte, um festival de sabores para os corpos castigados pelas andanças. Se você prefere sossego, evite os feriados, pois o parque costuma ficar cheio. Caso não tenha outra chance a não ser nos feriados, a melhor opção é conhecer os atrativos fora da área do parque, que não deixam nada a dever.

BIKE
Existem muitas trilhas e estradas que cortam o parque. Antes de se aventurar, tenha certeza do caminho que vai fazer ou procure um ciclista local. O "professor" Marcos Silveira é o canal para quem quiser fazer as melhores pedaladas pela região. São mais de 15 anos de pedal pelas trilhas locais. Antes de ingressar no mundo das duas rodas ele foi professor de história e geografia e, por isso, conhece bem mais que só os caminhos da Canastra. Silveira tem um bom faro para previsão do tempo e aponta nomes de plantas e suas aplicações medicinais com exatidão. A Multibike, agência de Marcos, organiza pedaladas de até vários dias e pode dar ótimas dicas para quem quiser pedalar por conta.

PASSEIO
A maior e mais conhecida gruta da Canastra, a gruta do Tesouro, fica numa fazenda a 18 quilômetros de São Roque de Minas, próximo ao distrito de Sobradinho. Tem belas formações de estalactites e estalagmites, rio subterrâneo e uma pequena cachoeira. São quase duas horas de visita, com trechos difíceis onde é preciso rastejar ou ficar com água até a altura do peito. As visitas são monitoradas pela própria família do proprietário, Sr. Miguel, que aluga até lanternas. É recomendável estar acompanhado também de um guia local contratado em São Roque de Minas.

CASCADING
Na cachoeira do Cerradão Uma queda de 125 metros, com os primeiros 40 metros em positivo, seguido por um negativo de 65 metros e depois em positivo bem escorregadio e com água até o fim. Os praticantes já devem ter experiência em técnicas verticais e é preciso fazer um fracionamento de corda no meio da descida. Não existem trilhas para retornar ao topo. O resgate é feito por carro.
Na cachoeira do Nego Ideal para quem não tem muita experiência. A cachoeira tem 45 metros e uma trilha fácil e curta de retorno ao topo.
No desfiladeiro dos Fernandes Durante o inverno a cachoeira fica seca e é boa para iniciante; no verão fica com muita água e requer mais experiência. Tem 40 metros de altura e uma trilha com dificuldade média para retorno ao topo. Atenção: mesmo se as chuvas estiverem distantes, não se deve entrar no desfiladeiro, pois a água aumenta de uma vez, sem aviso, e o risco de acidente é grande.
Na cachoeira do Fundão Com 60 metros de altura, é quase toda negativa, tirando os 7 metros iniciais. A saída é muito difícil e é preciso utilizar técnicas específicas que deverão ser treinadas antes da descida. A trilha de retorno ao topo é de dificuldade média e é preciso saber nadar.

Pushing limits

Chris Sharma, 24 anos, que encadernou, em 2001, a via mais difícil do mundo, 5.15 de escalada (equivalente a um 12A na graduação brasileira), acaba de resolver outro quebra-cabeça do boulder ao cruzar o teto de uma caverna em Ozarks, no Arkansas, Estados Unidos. Enquanto na escalada vertical os atletas precisam de toda resistência para puxar-se para cima em rochas de até 100 metros de altura, os adeptos do boulder usam explosões de força dignas de Hércules para lidar com agarras minúsculas e difíceis, ao longo de pequenos trechos de rocha.

Para desvendar o "Witness The Fitness" - "Testemunhe a força", como foi batizada a rota -, Sharma se pendurou no teto, paralelo ao chão, segurando-se com três dedos em fendas rasas e com o dedão em uma protuberância do tamanho de um amendoim. O teto, com 12 metros de extensão, é de arenito, repleto de fungos e cogumelos, e considerado uma das linhas de escalada mais difíceis do mundo. "Foi uma das coisas mais impressionantes que já vi", conta Josh Lowell, da Big Up Productions, que filmou o feito no dia 13 de março.

Sharma recusa-se a dar uma graduação para sua conquista - ele nunca dá -, mas diz que foi a mais difícil que ele já fez, o que sugere um V15 - o novo limite para o boulder.

O RAIO-X DO MEDO

O PSIQUIATRA ANDRÉ SOUZA REGO, DO INSTITUTO DE PESQUISAS SISTÊMICAS E DESENVOLVIMENTO DE REDES SOCIAIS (NOOS), DO RIO DE JANEIRO, EXPLICA COMO FUNCIONA O MEDO, SUA FUNÇÃO E O QUE ACONTECE QUANDO SE TEM MEDO DEMAIS (OU DE MENOS)

O QUE O MEDO SIGNIFICA, NA PRÁTICA, PARA O CORPO?
Vivemos esse processo do medo em diversos momentos do dia, como quando precisamos frear bruscamente o carro. Somos inundados por adrenalina, um hormônio que ativa o sistema nervoso simpático, aquele responsável por nos fazer agir e reagir quando preciso. Ele acelera os batimentos cardíacos, aumenta a pressão arterial e a concentração de açúcar no sangue, e ativa o metabolismo geral do corpo. Tudo isso acontece sem que tenhamos controle. Em situações de medo, o corpo fica pronto para reagir, portanto outras funções, como o sono, a fome, a atenção e a libido ficam de lado.

A FUNÇÃO DO MEDO É BASICAMENTE NOS PROTEGER?
Mais do que isso. Somos seres que respondem ao meio ambiente. Nossas respostas possuem apenas duas dimensões, a raiva e o medo. Funciona como um gráfico, sendo a raiva (ou a gana, vontade de viver, energia) a linha vertical e o medo (ou prudência, vontade de sobreviver e se preservar). Pessoas com falta de raiva ou energia estão apáticas. Com excesso, estão irascíveis, provavelmente em estado de euforia ou mania. Já pânico é o medo exacerbado. E medo de menos é distração, que pode significar distúrbio de atenção, por exemplo. Combinações desses desequilíbrios representam todas as manifestações de doenças psiquiátricas. A saúde mental está justamente na capacidade de ter reações flexíveis. Medo quando é preciso, energia quando possível.

É PRECISO TER UM POUCO DE MEDO ENTÃO?
Exato. Veja um exemplo: você decide ir ao jogo do seu time no Maracanã, vestido com a camisa e levando uma bandeira. No entanto, ao sair na rua, vê uma multidão do time adversário bem em frente a sua porta. O excesso de medo poderia fazer com que ficasse trancado no banheiro, paralisado, coração acelerado. É pânico, e faria você perder o jogo. Já medo de menos faria com que você saísse à rua. Igualmente, não chegaria ao jogo, já que a torcida não está nem aí se você está enfrentando ou apenas distraído. A euforia é assim: falta de medo com excesso de energia. O ideal é voltar pra casa, colocar uma camiseta neutra e levar a do time em uma sacola, ligar para o amigo que está vindo encontrar, chamar um táxi. Não seria a reação mais prudente? Tem um pouco de medo nela.

MAS O QUE LEVA O PAVOR A TOMAR CONTA ÀS VEZES?
Nosso corpo funciona como uma máquina, e uma máquina sobrecarregada pifa em algum momento. Quando a demanda de reação de fuga ou luta está muito alta em nosso corpo, ou seja, quando enfrentamos muitas situações que ameaçam nossa integridade física ou identidade existencial, corremos o risco de alguns neurotransmissores "travarem". Aí a pessoa passa a ter reações sem relação de causa e efeito e pode reagir como se tivesse uma arma apontada para a cabeça, suando e com taquicardia, embora não esteja em perigo real. O inverso poderia ocorrer também, e a pessoa ficar deprimida. Esse tipo de coisa tende a acontecer cada vez mais, já que nossas rotinas modernas levam a essa exaustão. Trânsito, violência, excesso de trabalho, internet, celular...

E AS FOBIAS?
Fobias são medos específicos. Devem ser tratadas, assim como o pânico (que é a reação de medo generalizada) e o estresse pós-traumático (que apresenta os mesmos sintomas, mas tem uma causa pontual, como um assalto ou acidente). No entanto, é importante entender que o medo salvou a nossa espécie. Por exemplo: se eu, homem das cavernas, comesse uma planta venenosa, teria o reflexo do vômito na hora. Por fobia, sentiria a mesma vontade quando visse a planta de novo. Isso não protegeria só a mim de um envenenamento, mas também a você. Eu não teria linguagem para explicar que a planta é venenosa, mas, ao ver minha reação, você entenderia que coisa boa não é. Dizem que as mulheres têm mais fobias de barata, aranha e outros animais peçonhentos porque esses já foram grandes perigos para a saúde de sua família.

Texto extraido da revista Go Outside

10 mandamentos da aventura consciente

1 Peça referências e confira se a empresa que está oferecendo o serviço está formalizada e tem alvará de funcionamento.

2 Verifique se a empresa oferece apólice de seguro que cubra atividades de aventura e na natureza.

3 Verifique se a empresa conhece e aplica as normas técnicas brasileiras para a atividade que oferece. Pergunte à empresa se ela tem um sistema de gestão da segurança implementado, conforme a norma.

4 Os equipamentos devem possuir selo de qualidade, internacional ou nacional.

5 Lembre-se: sempre que tirar os pés do chão, esteja de capacete, e sempre que entrar na água, esteja de colete.

6 Aja de acordo com as regras ambientais na sua aventura: não faça fogo, não contamine o rio e ande sempre por trilhas demarcadas. Produza pouco lixo e traga-o de volta.

7 Confira o estado do estojo de primeiros socorros que a empresa estiver levando e tenha na mochila os seus remédios específicos.

8 Seja responsável, conheça e respeite os seus limites.

9 Hidrate-se, alimente-se e mantenhase aquecido. A melhor pessoa para cuidar de você é você mesmo!

10 Conheça o "Programa Aventura Segura" e descubra o nosso país de um jeito novo! Busque nos destinos empresas que tenham aderido ao Aventura Segura. Pratique turismo de aventura com consciência.