24 de abr. de 2009

Escritos na Pedra da Gávea

A 842 metros acima do nível do mar, a Pedra da Gávea é um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro, atraindo montanhistas, escaladores, aventureiros e amantes da natureza em geral. Mas além de santuário ecológico, o morro também é palco de vários mistérios e lendas, que atraem atletas e dividem estudiosos.
O motivo da polêmica são as marcas cravadas no lado esquerdo da rocha: teriam elas sido provocadas pelo desgaste da natureza ou pela vontade deliberada de um povo antigo de homenagear seu imperador? Para os defensores da última hipótese, essas marcas são, na verdade, inscrições gravadas por fenícios, povo que ocupou, durante a Antiguidade, a região que hoje corresponde ao Líbano, e que tinha no comércio marítimo sua principal atividade econômica.
As especulações em torno das misteriosas marcas na Pedra da Gávea começaram a ganhar força no século 19. Intrigado com relatos recebidos por um instituto de pesquisa, D. Pedro I promoveu expedições de historiadores e religiosos ao morro, em busca das inscrições. A equipe, no entanto, fez vários estudos, comparou os sinais cravados na rocha às escritas grega e hebraica arcaicas, mas não conseguiu comprovar nada.
Foi apenas na década de 30 do século passado que elas voltaram à tona. O historiador e arqueólogo amazonense Bernardo Silva Ramos desenterrou o caso e foi conferir as marcas. De acordo com ele, elas formavam a seguinte frase: LAABHTEJ BAR RIZDAB NAISINEOF RUZT. Lida de trás para frente: TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL. E, finalmente, traduzida do fenício, seria “Tyro Phoenicia, Badezir primogênito de Jethbaal”. Badezir foi o filho do imperador fenício Jethbaal e, em 856 a.C., assumiu o trono real na cidade de Tyro.
Além disso, com boa vontade, é possível reparar na forma de rosto humano que a pedra tem (dois olhos, nariz, orelhas e, no topo, uma espécie de coroa). A teoria que passou a ganhar força é: teria esse formato sido esculpido pelos fenícios como um monumento para guardar o túmulo de seu imperador?
Para a arqueóloga Rhoneds Perez, da UFRJ, o mistério fenício não passa de mito. “É uma lenda que traz um gosto de aventura. Aquelas marcas consideradas inscrições são, na verdade, resultado da erosão da natureza”, garante. Alguns místicos e pesquisadores, no entanto, juram que o formato e as marcas seriam produtos do trabalho de uma civilização antiga, que teria chegado ao Brasil muito antes dos portugueses. Entre os que sustentaram a tese da presença fenícia no Brasil estão Henrique José de Souza (fundador do movimento místico Sociedade Eubiótica) e o historiador austríaco Ludwig Schwennhagen, autor de Antiga História do Brasil, tratado publicado em 1928 que defende essa idéia.
O montanhista Átila Barros, que escalou oito vezes a Pedra da Gávea e, fascinado pelo mistério que a envolve, escreveu um livro sobre a ligação fenícia (Badezir, um Ilustre Visitante), tem outra versão. “Pesquisei durante dois anos documentos sobre essa história, entrevistei pesquisadores e montanhistas e acho que a pedra realmente tem uma conexão com a civilização fenícia. Não acho que ela guarde um túmulo, mas sim que tenha sido o palco de um ritual de cremação do imperador Badezir. Estudei os funerais fenícios e percebi que eles não enterravam seus mortos, mas os cremavam”, defende o atleta.
Para quem prefere acreditar nessa hipótese, uma dica é observar a série de pedras encaixadas no lado oposto ao das supostas inscrições, que tem um formato de portal ou altar. Verdade ou mentira, a Pedra da Gávea é até hoje um local místico, onde muitos esportistas dizem já ter visto discos voadores ou tido experiências sobrenaturais.

Um comentário:

habitarex disse...

Há mais indicios na America do Sul.