1 de dez. de 2008

Filmes de montanha

Go Outside
A Mostra Internacional de Filmes de Montanha, pelo 8º ano consecutivo, dominou as sessões noturnas do carioca Cine Odeon BR - entre os dias 22 e 25 de outubro -, chamando atenção para um tema que, a cada ano, ganha mais força no Brasil: a vida outdoor. O evento reuniu 37 filmes, com 17 produções nacionais, vindos de uma pré-seleção que peneirou 40 trabalhos inscritos para a mostra competitiva, disputando os prêmios de melhor direção, filme, fotografia e trilha sonora, esta uma categoria inédita.

Além dos brazucas, 20 filmes gringos foram importados do Banff Mountain Film Festival, circuito anual que roda 28 países exibindo o que há de mais nobre no cinema de montanha, como os bem produzidos King Lines (sharma) e Aerialist (dean potter).

"Mas o cinema brasileiro de montanha ainda não desfruta do mesmo nível técnico dos estrangeiros", explica Alexandre Diniz, organizador da mostra no Brasil. "Recebemos até filmes gravados em celulares e máquinas fotográficas, enquanto que lá fora eles captam com câmeras HDV e 16 mm", analisa. Mas estamos na trilha certa. Pelo menos nossos montanhistas-diretores são autênticos e criativos, com roteiros que nem sempre relacionam o ápice do filme à óbvia conclusão do objetivo de subir uma montanha - apesar de haver excelentes produções ainda com esse foco. "O brasileiro está percebendo que um filme deve contar uma história interessante, além de ter bom enquadramento e trilha sonora bem-feita", analisa o cineasta alemão Sylvestre Campe, um dos jurados oficiais da mostra competitiva.

O escalador goiano Stefano Braggio é um dos que aprenderam a lição. Foi ele quem filmou, dirigiu, estrelou e musicou Infinito, um documentário que não prima pela qualidade na captação de imagens, mas segue uma linha despojada, com boas tomadas que conseguem prender a atenção durante os 23 minutos de filme. Já Gruna, que significa garimpo foge da pieguice e traz uma relação inusitada: o jovem cineasta Pablo Micael diz que os escaladores e os extratores de diamantes têm realidades parecidas. A produção de 21 minutos não conta um desafio pessoal, mas passa a sensação de uma aventura real que vale a pena ser vivida.
Neste ano, uma animação brasileira concorreu ao prêmio, e venceu: foi Uruca (imagem abaixo), em referência a uma via fictícia aberta no Totem, aquele bloco de pedra cravado ao lado do Pão de Açúcar, onde se desenrola uma história inteligente e bem-humorada. "A idéia nasceu em 2006 graças a 'causos' engraçados contados por amigos escaladores", resume o designer Erick Grigorovski, diretor e idealizador do projeto.

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