1 de dez. de 2008

Histórias de Mistérios

Na década de 1940, um grupo de montanhistas cariocas se deparou com uma múmia entalada numa fenda do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

O caso ficou tão célebre que estampou as primeiras páginas dos principais jornais da época, que se empenharam numa campanha para decifrar a identidade do misterioso cadáver e as circunstâncias que o fizeram aparecer naquele lugar tão improvável. Mas, apesar da dedicação da polícia e dos meios de comunicação, essas dúvidas nunca foram esclarecidas.

O episódio aconteceu em 1949, quando o Pão de Açúcar era uma montanha praticamente inexplorada. Membros do Clube Excursionista Carioca, decidiram explorar uma fenda que vai do alto ao pé do morro. “Antigamente era uma febre fazer conquistas de montanhas”, garante o veterano Hollup, hoje com 77 anos. A fenda foi batizada chaminé Galoti, em homenagem a um juiz que também fazia parte do clube.

No dia 18 de setembro, abriram uma picada na mata, durante três horas. As esquisitices não demoraram. Logo, o trio encontrou um sapato feminino, já um tanto carcomido pelo tempo, em plena mata atlântica.

Coube a Antonio Marcos a tarefa de desbravar o território e começar a escalar. Sem muita dificuldade, apenas com alguns galhos atrapalhando, ele escalou o primeiro lance. Quando chegou ao segundo, deu um berro assustado. “Encontrei a dona do sapato!”

Levamos na brincadeira, mas, quando chegamos ao local, tomamos um susto”, conta Hollup. Um cadáver ressecado como uma múmia, com um suéter branco, um grande rombo no peito e encaixado na fenda, aguardava os aventureiros. Ele tinha o queixo apoiado numa ponta de pedra e os pés sustentados por um tronco de árvore. Por conta dos cabelos compridos, inicialmente a suspeita era de que o corpo fosse de uma mulher. Mas a hipótese foi descartada quando perceberam uma barba rala no queixo do morto.

Como aquele corpo poderia ter ido parar naquele local de tão difícil acesso, praticamente inexplorado? “No princípio, pensamos que poderia ser um excursionista que tivesse escorregado, mas não houve nenhuma notícia de membro de clube que tenha ido lá antes de nós. De cima não poderia ter caído, porque a fenda começa por dentro do morro. Se algum corpo caísse lá de cima, passaria direto”, observa Hollup.

Imediatamente, o grupo desceu para avisar a polícia. Para facilitar a subida dos bombeiros, instalaram grampos e cabos de aço no caminho. “Para colocar cada grampo, demorávamos mais de uma hora. Usávamos uma talhadeira para abrir um buraco de quatro dedos de largura na rocha e fixar o grampo”, diz o montanhista.

A notícia causou furor. Bombeiros e polícia se empenharam para solucionar o mistério da “múmia da chaminé Galoti”, como o caso ficou conhecido na época. Mas não descobriram nada concreto. A perícia médica concluiu apenas que o corpo era de um homem, de estatura mediana, e de condição social modesta, por conta das (poucas) roupas que usava. Nada além disso.

Fonte: Go outside

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